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SPOOKY BOX 2

19.3.15

[Tradução] Pamphlet de 13 anos (Aoi) COMPLETA

A Gabriela L. traduziu a entrevista completa do Aoi para o pamphlet de 13º Aniversário do the GazettE. Ela alterou alguma coisinhas do trecho que eu postei anteriormente, mas nada que altere o sentido da tradução.

If you don't speak Portuguese you can find the English translation here.

Entrevista do Aoi para o pamphlet do aniversário de 13 anos (Completa)

Tradução Japonês-Português: Gabriela L.
Japanese-English translation: Gabriela L. (click here)

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- Quero começar falando sobre ser a comemoração de 13 anos desde a formação da banda, para você Aoi, o que é um live de aniversário?

Aoi: Bem... Fazemos coisas que não conseguimos fazer numa turnê normal, e a sensação é de que queremos fazer algo mais cru. Mais do que celebrar tantos anos desde a formação, é um dia de desafios de se fazer algo que não dá pra fazer normalmente.

- Então não tem esse sentimento profundo de "dia de formação".

Aoi: Dizer que não.... seria errado (risos), mas a sensação de que é um live diferente do normal é bem forte. E com isso, é possível ver o que vai vir em seguida.

- Mais do que revisitar o passado?

Aoi: Sim. Queremos mostrar tanto o agora quando o que veio antes.

- Vai ser assim com tudo [no live]?

Aoi: Hmm.... Não revisitamos o passado tanto assim.

- Se for assim não dá pra fazer essa entrevista... (risos)

Aoi: Hahahaha.

- Pra começar, você pode nos dizer como você era mais ou menos na época em que a banda se formou?

Aoi: Na época da formação? Bem... Pra começo de conversa, quando entrei no the GazettE eu tinha o pensamento de "Quero que essa seja minha última banda!". E desde o princípio [o the GazettE] era diferente das bandas das quais eu tinha feito parte até então.

- O que era diferente?

Aoi: Desde quando nos juntamos já tinha algo como uma demo, e ela era totalmente diferente de todas as minhas bandas até então. A melodia era muito cativante, e as linhas de guitarra boas de ouvir. E as bandas indies de Visual Kei da época, não eram muitas [as bandas] que tinham umas linhas boas assim de ouvir...

- [As bandas da época] tanto na essência quanto ângulo, e além disso a originalidade, tinham essa tendência de ser difícil de entender e como se estivesse se esfregando na cara da pessoa.

Aoi: Sim. E eu não sabia muito sobre música, eu não tinha nenhum ideal a respeito disso. Mas desde o começo o the GazettE tinha uma demo com um ideal. Por isso pensei que seria legal tocar nessa banda.

- Você pensou que se fosse com essa banda, conseguiria certo atrativo como guitarrista.

Aoi: Hmm... não tive isso. Por exemplo "Sou melhor que ele!", eu não tinha essas vontades comuns de guitarristas. Eu nem conseguia tocar guitarra direito (risos).

- (Risos).

Aoi: Tinha muitas coisas que eu não conseguia tocar, e eu gostava mais de músicas cativantes e fáceis de ouvir do que músicas complicadas. Talvez nisso eu seja diferente de outros guitarristas.

- Acho que sim. Eu acho que a opinião que prevalece da formação da banda é a originalidade, e essa busca sincera pela dificuldade técnica das músicas.

Aoi: Sim.

- Mas o the GazettE era diferente desde o começo. E para você, essa diferença casava perfeitamente.

Aoi: Acho que sim. Mas de todo modo, o eu daquela época não pensava de forma muito complicada. E eu não tinha uma meta pessoal de "encontrar a mim mesmo na música" ou algo do tipo. Não quer dizer que eu não tivesse nenhuma ambição, mas é claro que quando eu vejo alguém tipo o Ruki eu percebo como eu sou diferente.

- O que você quer dizer com diferente?

Aoi: Além de talento, ele estuda muito a respeito de música. Mas no meu caso, pra mim é complicado fazer esse tipo de coisa, eu não consigo. Por isso eu sinto que ele [o Ruki] é um artista de verdade. E é claro que isso é algo que eu aspiro, mas quando comparava o eu daquele tempo com ele de fato não era a mesma coisa. Tenho a impressão de que eu não era uma pessoa capaz de surpreender os outros. Mas [agora] estou numa posição em que eu posso falar sobre esse tipo de coisa na frente das pessoas.

- Quando você começou a banda, você também pensava assim?

Aoi: Não, naquela época eu não pensava em nada, só "que bom que eu posso tocar guitarra". Eu não compunha músicas como eu faço agora. Era muito inocente e irresponsável. Por causa disso... naquela época, enquanto tava todo mundo compondo música, só eu ia trabalhar (risos). Eu dizia "Tô indo pro bico!". Por isso, eu não mostrava ambição com nada, também não queria ter responsabilidade por nada.


- Não era uma vida muito divertida, né?

Aoi: Não (risos). De qualquer forma, pra mim o jeito mais fácil de fazer as coisas era no meu próprio ritmo. Não posso negar mesmo agora, mas essa era uma banda que aceitava as minhas coisas da forma como eu podia entregar.

- E até quando você foi fazendo as coisas nessa simplicidade?

Aoi: Acho que.... mais ou menos até a primeira vez que tocamos no Budoukan? (risos)


Aoi: Queria me divertir despreocupadamente com minha banda sem pensar em coisas complicadas mas.... Realmente, se eu me tornasse incapaz de estar no mesmo nível que os outros membros quando estivéssemos no palco..... resumindo, com algo tão grande como o Budoukan, eu comecei a perceber que poderia acabar dessa forma [NT.: ele incapaz de tocar no mesmo nível que os outros membros], entre outras coisas.

- Que você não era alguém como o Ruki?

Aoi: Isso. Colocando de forma mais simples, percebi "Eu realmente não sei tocar guitarra". E a partir daí eu comecei a pensar várias coisas. Que eu tinha que compôr mais do que eu compunha antes, etc. Eu não podia ficar sempre me movendo com as pernas da banda [N.T.: no sentido de depender deles e ser incapaz de fazer as coisas sozinho]. Por causa disso eu comecei a pensar que eu tinha que estudar mais música, mais guitarra.

- E você passou a ter essa forma de pensar depois do Budoukan. Algo que eu estava pensando desde o começo dessa conversa, mas você Aoi, se coloca muito abaixo dos outros dentro da banda. Você tem um complexo de inferioridade muito forte com relação aos outros membros, né.

Aoi: Ah.... Acho que sim né...

- Isso é uma consciência pesada porque você fazia as coisas de qualquer jeito antes, né?

Aoi: Por isso... Fico pensando que se eu me esforçasse mais, o the Gazette poderia ter ido muito mais longe.

- Você pensa isso a esse ponto??? Desde quando você começou a pensar assim?

Aoi: Bem, isso.... Acho que a partir da primeira vez que tocamos no Budoukan? Quando começamos a crescer mais e passamos a fazer one-man em lugares cada vez maiores. Conforme isso aconteceu, o nosso som foi ficando mais rigoroso. Fomos fazendo coisas com uma visão de mundo mais ampla, mais músicas que ninguém além de nós podia fazer, certos tipos de live... algo assim. E por isso... a banda começou a ficar chata.

- Eh? O que você quis dizer com chata?

Aoi: Ah não, o que eu tô falando é simplesmente que as minhas habilidades não eram [boas] o bastante. Com a banda ficando maior, as opiniões dos membros foram ficando mais severas, por exemplo quando começava uma conversa mais complicada, eu não entendia mito bem.

- Por isso o "chato"?

Aoi: Teve uma época que eu pensava assim, mas se eu for pensar agora.... As coisas que eu pensava "que difícil" eram causadas porque eu rejeitava tudo. Se naquela época [NT.: antes do Budoukan] eu tivesse entendido tudo, se eu tivesse cooperado e estudado mais, talvez eu não tivesse pensado que era chato, talvez eu pudesse ter movimentado a banda.

- E o Aoi daquele tempo, que achava que a banda estava chata... o que ele fazia?

Aoi: Bem... Eu saía pra beber (risos).

- (risos).

Aoi: E com isso eu não tinha em mim nenhuma vontade de resolver nada. Eu só queria reclamar, e daí por isso me afogava em álcool. Porque é agora eu entendo, eu vejo que estava só distorcendo as coisas. [Eu entendi agora que] O problema era eu que era incapaz de entender as opiniões da banda, mas naquela época eu colocava a culpa toda na banda. Eu pensava mais ou menos "são esses caras que ficam me dando problema esfregando as opiniões deles na minha cara!" (risos).

- Parecia uma criança... (risos).

Aoi: Né.... Por isso naquela época depois que acabava a gravação, eu saía sozinho mesmo pra beber, e no dia seguinte voltava pra gravação, e assim ia. Eu não estava levando a música muito a sério.

- E por exemplo, naquela época você pensou em sair da banda?

Aoi: Eu pensei, mas.... Aí tinha aquilo "Se eu sair, o que eu vou fazer?", sabe?

- Sei... E isso que você tá falando é coisa de que época?

Aoi: Cerca de.... 3, 4 anos depois de formar a banda? Não, foi mais recente? Hmm... E mais ou menos até a época que compusemos o "DIM"... Ah, foi relativamente recente (risos).

- Antes de vocês mudarem pra Sony, foi um período relativamente longo, né?


Aoi: Sim. Por isso a época que eu tocava feliz e em paz foi até a época que tocamos no Budoukan pela primeira vez. Depois disso a banda foi crescendo cada vez mais, e a partir daí que eu comecei a pensar essas coisas. E daí nesse período teve o eu que pensou em desistir da banda e não conseguiu. Por isso que naquela época eu reclamava em entrevistas (risos).

- Isso é cruel (risos). Certamente os outros membros da banda liam essas entrevistas?

Aoi: Sim. Daí os membros ficaram um pouco mais distantes, se tornou algo desconfortável. Mas esse papo é de porque eu ficava reclamando assim...

- O que você acha que os membros sentiram naquela época?

Aoi: O que eles sentiram....? Eu também queria saber (risos). Essa época durou uns 3 anos, eu acho. Onde será que era só eu que estava mais frio, nessa época que eu me distanciei dos outros membros? Isso... será que é porque até o aniversário de 10 anos nós nunca tínhamos conversado direito [sobre essas coisas]?

- Tanto tempo assim???

Aoi: Claro que nós conversamos sobre muitas coisas individuais uns dos outros, mas nada a ponto de falar algo assim tão particular. Falávamos de várias coisas idiotas, mas tipo... eu não sentia como se fosse coisa de amigos próximos.

- Mas não é complicado estar numa banda se a situação está assim?

Aoi: Mas fui eu mesmo que plantei essa semente. Eu mesmo sou capaz de ver isso. Foi por minha causa que começou essa distância entre os membros, não foi? E chegar do nada e falar "e aí?" e a partir disso começar uma conversa desse tipo, não dava... Era esse tipo de relacionamento.

- É? A propósito, eu já disse isso antes mas você não acha que o que você fala são só coisas negativas demais?

Aoi: É né... (risos)

- Para uma pessoa assim como você, fazer parte dessa banda.... Em que momento você sente que tem muita auto-confiança?

Aoi: Hm... Com certeza é durante um live, né. Acho que o eu mais legal é o eu durante um show. Mas além disso... não tem nenhum outro momento. Hm.

- E então, qual você acha que é seu ponto forte?

Aoi: Ponto forte.... ponto forte.... Sinto que eu não sou uma pessoa que tenha algo como um ponto forte.

- (risos). Tem que ter algum, não acha??

Aoi: Hm... Ponto forte.... Hummm... Deve ter, né? Eu só não sei qual é. Mas só porque eu não tenho nenhum ponto forte em particular, não significa que eu não possa mostrar minha cara. Pra mim, que não tem um talento muito grande e que não consigo fazer algo capaz de mover as pessoas, antes eu sentia que nem preciso fazer um esforço. Mas agora.... Pra pessoas que tem talento, para dar suporte para pessoas que querem mostrar alguma coisa, eu acho que é pra essas pessoas que eu quero viver....

- Não é algo rejeitável?

Aoi: Isso, isso. Mas não é como antes. Pra mim tá tudo bem ficar dando apoio com a base da apresentação, com a parte que não dá pra a pessoa de talento cobrir. Tudo bem se eu disser que.... esse é o meu ponto forte?

- Acho que é uma coisa boa. Mas então, ouvindo você falar, o que eu pensei é que você se vê de uma forma muito negativa, e que você consegue se enxergar como se fosse um expectador dentro da própria banda, Aoi.

Aoi: É isso, né....

- Quando você realmente entende a si próprio, você desperta e passa a ver que tipo de pessoa você é.

Aoi: Eu entendo que eu sou uma pessoa ridiculamente comum. Não, acho que um pouco mais abaixo do comum? (risos)

- Ah, então porque motivo você acha que outras pessoas desejam alguém abaixo do comum?

Aoi: As pessoas.... me desejam?

- Os membros da banda e as outras pessoas por acaso te dizem que você é desnecessário?

Aoi: Tá me dando bronca...

- E pra que você acha que eu tô fazendo isso?

Aoi: Hmm.... porque será.... é uma pergunta complicada.

- Mas é uma coisa muito importante, não acha?

Aoi: Sim, é muito importante. Porque as pessoas me desejam... Eu nunca pensei muito sobre isso. E agora não dá pra entender assim de repente (risos). Porque alguém como eu faz parte de uma banda? Porque eu não desisti até hoje?

- Então, vamos imaginar se você saísse da banda, você conseguiria imaginar um the GazettE com 4 pessoas?

Aoi: the Gazette com 4 pessoas... Hmm, eu consigo sim.

- Consegue mesmo? (risos)

Aoi: Talvez.... Por exemplo, é possível sim fazer uma banda com 4 pessoas, não é? (risos). Mas... como seria? O que eu não consigo imaginar muito bem é eles fazendo um live com 4 pessoas. Hmm.... Hm.... Não, com certeza daria pra seguir sem problemas mesmo que fossem só os 4. Ah, o que dizer... agora.... de repente eu me sinto bem solitário.

- Desculpe pela pergunta estranha (risos).

Aoi: Tudo bem (risos). Mas... por exemplo, se o Gazette terminasse, eu conseguiria pensar algo como "Ah, tá bom, chega de banda". E que não é mais possível criar uma banda assim como o the GazettE. Por isso... eu realmente quero fazer parte dessa banda. Mas mesmo às vezes tendo o pensamento de que "as pessoas são sozinhas" e que é mais fácil fazer as coisas sozinho, eu realmente quero estar junto de alguém.

- É triste estar sozinho?

Aoi: Agora eu me senti solitário quando pensei nesse assunto de sair do the GazettE (risos).

- Mas no início [da entrevista] você não disse que "não olha para o passado"? Então você entendeu que o motivo disso é porque você tem um discurso negativo demais a respeito de si mesmo, certo?

Aoi: Ha ha ha ha.

- O que quero dizer é que o você do passado não tinha jeito. Mas por outro lado, você sempre perseguiu os ideais da banda. Você sempre esteve consciente da existência do the GazettE. Mesmo nas coisas que conversamos até agora, sinto que você está envolto nesse tipo de sentimento. O que você pensa disso?

Aoi: Hm... Bem. Falando de forma sincera, ainda quero compor e tentar várias coisas com nós 5.

- Falando de forma mais detalhada....

Aoi: Como banda, quero que nós façamos mais coisas juntos. Mas o the GazettE tem um princípio de sempre deixar as coisas na mão da pessoa que compôs a música. O compositor é que segue adiante com a iniciativa da música. Mas eu quero compôr mais músicas enquanto discuto com todo mundo. Eu quero mais essa sensação de que estamos fazendo as coisas juntos.

- E foi por isso que fizeram o álbum BEAUTIFUL DEFORMITY?

Aoi: Certamente nesse álbum conseguimos juntar músicas de todo mundo, mas o que eu quero é fazer as coisas ainda mais juntos. Por exemplo... Reunir tudo mundo no estúdio e compor enquanto tocamos juntos.

- Mais ou menos como numa jam session? [N.T. Sessão de improvisação. Os músicos se reúnem e tentam tocar qualquer coisa só pra ver o que sai]

Aoi: Mas é só uma sugestão. Talvez... É porque é algo que eu sempre quis fazer desde muito tempo atrás. Mas atualmente, mesmo não indo pro estúdio dá pra compôr músicas no computador, não é verdade? E dessa forma é só ir trocando os dados entre os membros. Mas isso é meio... solitário.

- Você quer tentar algo com mais jeito de banda.

Aoi: Quero. Dessa forma parece mais divertido, e assim também fica mais fácil compartilhar as opiniões e o som de cada um logo de cara. Dessa forma a sensação de que eu estou participando da música é mais forte do que compartilhando dados, eu acho. E desse modo talvez também seja mais fácil captar a pegada de cada música... mas como eu nunca fiz isso, não sei dizer exatamente.

- Você nunca fez isso?

Aoi: Não, nunca compus em estúdio. Por isso... Pode ser que haja brigas, mas eu queria fazer algo assim com a banda, de verdade. Mas por outro lado, eu tenho um pouco de vergonha de pedir algo assim.

- Porque?

Aoi: Bem... não acha que é por causa desse monte de coisas sufocantes que eu disse antes?

- (risos). Mas acho que pode ter outros membros da banda pensando o mesmo que você. [NT. Sobre querer fazer coisas com a banda de forma mais unida]

Aoi: Pode ser que sim, né?

- Eu acho que o Ruki é uma pessoa com habilidade o bastante pra fazer tudo sozinho. Mesmo se não fizesse parte de uma banda, ele é um músico capaz de fazer algo como um projeto solo e individual. Mas ele não quer isso.

Aoi: Acho que não.

- Se fosse assim, não acho que ele teria pensado em fazer um álbum como o BEAUTIFUL DEFORMITY, ou mesmo algo tão minucioso como as atividades do ano passado. [N.T.: ele está se referindo à turnê de Redefinição, que durou o ano de 2014 inteiro, dividida em três etapas e focando em 2 álbuns de cada vez]

Aoi: Entendo...

- Resumindo, eu acho que o the GazettE desde o ano passado está caminhando para essa direção que você mencionou, Aoi. Por isso penso que o show do Budoukan em 10 de março vai ser uma parte dessa meta [de inovação]. Mais do que um aniversário de 13 anos, acho que esse é o ponto mais importante para a banda, não acha?

Aoi: É bem por aí. Por isso... A princípio o Budoukan, pra mim, tem essa sensação de "Ah, finalmente posso dar as caras em público!". Mas aí fica parecendo que vão pensar "o que você tá falando depois de ficar 1 ano sem aparecer?" (risos).

- (risos).

Aoi: Finalmente não estamos mais isolados [N.T.: o que ele quis dizer é que por terem ficado 1 ano em turnê do FC, não saíram do mesmo circulo, então ficou essa sensação de "fechados em uma coisa", e com o Budoukan eles terem finalmente saído desse casulo], e ao sair pela porta damos de cara logo com esse local chamado Budoukan. Por isso o que vivenciamos neste 1 ano temos que colocar em forma de live. O que a banda esteve pensando [nesse período], o que obtivemos neste 1 ano. Acho que vamos mostrar tudo isso durante esse ano, neste ano de 2015. Claro que vai ser assim no Budoukan, mas depois disso também. Por isso temos que fazer um live onde tudo tem um significado, se não vai ficar parecendo que passamos o ano passado inteiro sem fazer nada.

- E com isso em mente vocês vão encarar o Budoukan. Aoi, tem algo que você em particular almeje fazer nesse Budoukan?

Aoi: Claro que tem, mas todas são coisas meio fundamentais. Tipo, tenho que tocar a guitarra perfeitamente, tenho que estar em boa forma física, coisas assim. E se for falar em coisas daqui pra frente, também tenho que ouvir muitas músicas. Por isso digo que são coisas fundamentais. São coisas que eu penso que eu tenho que fazer.

- São muitos "tenho que", não é mesmo? (risos)

Aoi: Sim (risos). É que pra mim é diferente, eu não tenho muito isso de "quero mostrar isso de tal forma!".

- E dentre essas coisas, aquilo que você disse antes sobre querer ir pro estúdio e compôr músicas com todo mundo enquanto vocês tocam... isso é a coisa que você mais quer fazer?

Aoi: É o que eu quero fazer.

- Também acho que seria bom você tentar fazer desse Budoukan um live em que você consiga começar a enxergar essa banda divertida.

Aoi: É mesmo, né.... Mas se nós 5 entrássemos em estúdio agora, tenho a impressão de que eu não saberia que tipo de coisa conversar. É porque sempre fizemos essa troca de ideias numa sala de reunião. Só que lá [na sala de reunião] não tem instrumentos musicais.

- Vocês fazem as coisas olhando pro monitor de um computador.

Aoi: Isso. Mas com certeza tocar no estúdio com o pessoal seria divertido. Quando pudermos fazer isso... tentar fazer um som enquanto tocamos no estúdio.

- A propósito, você se lembra da primeira vez que entrou em estúdio com o the GazettE?

Aoi: Lembro sim! Lembro muito bem. Aquilo foi... muito divertido. Até então eu não tinha conhecido pessoalmente ninguém além do Uruha, o primeiro encontro que eu tive com os outros membros foi quando entrei no estúdio. Num estúdio qualquer em Yokohama, tocamos e tal... e depois disso nós trocamos apertos de mãos.

- Apertos de mãos?

Aoi: Sim. Algo do tipo "Conto com vocês daqui pra frente!". Mas aquilo foi... realmente divertido. De fato, eu me lembro muito bem daquele tempo. Eu quero fazer algo assim de novo, um dia.

- Foi um acontecimento bem com cara de banda, certo?

Aoi: Não, parecia mais uma coisa bem clichê de adolescente mesmo (risos)

- Mas da mesma forma que o BEAUTIFUL DEFORMITY, e as atividades do ano passado, penso que é esse tipo de coisa que o Ruki espera de todo mundo.

Aoi: Ah...

- Claro que porque ele tem uma idealização muito forte na cabeça dele, imagino que pra fazer com que a banda se aproxime desse ideal, tem muitas situações em que ele aponta o que cada um precisa fazer.

Aoi: Sim. Principalmente no meu caso, tem muitas.

- Mas o pensamento de que não quer uma banda que só faz isso também é muito forte. [Ele quer] Fazer as coisas de uma forma que só se pode seguir em frente depois que tiver o consentimento de cada um dos membros. Apesar de isso ser menos eficiente e mais trabalhoso.

Aoi: É menos eficiente mesmo, né...

- Também disse isso antes, mas é claro que isso [NT.: A forma do Ruki conduzir as coisas] influencia no jeito da banda de alguma forma. O que você pensa sobre isso?

Aoi: Pra mim, o the GazettE... tem esse palanquim que é o Ruki, e eu carrego esse palanquim nos ombros e faço ele andar. Mas mais do que isso, o Ruki não é só o palanquim, ele quer que todos nós, esses membros "carregadores", também sigam sendo envolventes. Tem isso que o Ruki almeja de um estilo de banda envolvente. E então, se eu fosse um cara que não corresponde a essa imagem, um cara sem nenhuma sofisticação, talvez eu não fosse capaz de carregar esse palanquim. Então pra mim não tem saída a não ser me esforçar pra não me tornar isso. E é claro que eu quero participar da banda, eu quero carregar esse palanquim. Mas claro que eu também não quero só carregar nas costas, seria bom se eu puder também mostrar um pouco mais de mim.

- Há um certo lado que diz "Se não for eu, ninguém mais pode te carregar!", né?

Aoi: Algo assim. Por isso... Eu quero ser parte de uma banda (risos).

- Certo. E acho que dentro da banda, os membros não tem esse pensamento assim tão forte.

Aoi: Acho que sim.

- Por conta desse pensamento forte [N.T.: de ser marionete do Ruki], há uma sensação de que você não está indo atrás das próprias habilidades e consciência. Por isso que eu disse antes que você tá cheio de discursos negativos (risos).

Aoi: Essa é uma explicação muito boa, se for assim como você diz eu sou agradecido (risos). Mas de verdade, se for comparar com antes agora tá bem mais divertido. Talvez porque todo mundo foi aos poucos compreendendo uma série de coisas. Também comecei a compreender mais sobre música, e agora eu tenho um sentimento verdadeiro de que eu estou fazendo ótimas músicas. No passado começamos a banda sem saber de música até esse ponto, mas havia uma vontade de tentar fazer algo e almejar alguma coisa, e pra sair disso não tinha outra saída a não ser fuçando nas coisas.

- Mas é assim mesmo quando se começa uma banda.

Aoi: Tanto o som quanto as linhas dos instrumentos, era tudo meio bagunçado. Comparando com agora, aprendemos várias técnicas e métodos pra que forma as coisas vão tomar, se fizer assim que tipo de som vai sair, etc. Já estamos na ativa há mais de 10 anos. Por isso... Eu tenho a impressão muito forte de que agora a banda está fazendo músicas perfeitamente.

- E você acha que você também está conseguindo isso?

Aoi: Talvez eu finalmente tenha alcançado todo mundo. Não sou só parte da banda, talvez eu tenha me tornado capaz de fazer música direito.

- Acho que você está carregando bem a essência do the GazettE em você.

Aoi: Eu... acho que tô fazendo direito né? (risos). Bem... o meu ideal era uma imagem bem mais legal que isso, não esse cara inapropriado. Acho que tenho que me esforçar mais nesse ponto.

- Mais uma coisa, você tem que se tornar capaz de falar coisas mais positivas sobre você. Não só essa depreciação toda (risos).

Aoi: É mesmo, né? Se eu distorcer as coisas posso acabar ficando igual ao passado.

- Se você aprender a se aceitar mais, esse eu [positivo] vai se mostrar ainda mais. Mas é claro que é importante você se esforçar pra isso.

Aoi: Se não for assim eu vou apenas me tornar algo que causa estresse aos outros membros.

- Hm, e porque você é desse jeito, o que você acha que é algo que você consegue fazer? Algo que você pode fazer, que não pode ser feito pelo Ruki.

Aoi: O que será... Algo que eu consigo fazer, que o Ruki não consegue. O que será? Qualquer coisa que você disser pra ele, ele consegue fazer. Desculpa, eu não sei.

- Ainda temos tempo, por favor pense em algo (risos).

Aoi: O que será...? Algo que não pode ser feito pelo Ruki, será que existe isso? Não só ele, qualquer um dos outros membros é assim também... Hm, se tivesse algo pra dizer sobre o que eu posso fazer pela banda, eu diria. De qualquer forma, não me tornar inadequado. Acho que só isso.

- Me explique melhor a implicação da palavra "inadequado".

Aoi: Por exemplo, numa reunião pra escolha de músicas, pensar direito no que a banda espera. No sentido de pensar mais na banda do que em mim mesmo. Por isso, quando uma música que eu fiz for rejeitada, em vez ficar bravo e revoltado, da próxima vez eu faço outra música e tento de novo. E se eu pensar que se minha linha de guitarra for escolhida, então eu vou poder colocar meu estilo na música também. Eu sei que são coisas meio óbvias.

- Resumindo, mesmo se fizer as coisas colocando a banda como prioridade acima de você, é possível inserir as próprias impressões ali.

Aoi: Isso. Por exemplo, se só tivesse um arranjo na música e seguíssemos tocando só com a linha do jeito que o compositor trouxe... não faria sentido eu estar ali, certo? Seria melhor voltar pra casa. Não tô falando sobre aquilo de ir pra estúdio, mas por exemplo, mesmo se eu não gostar do conceito, onde será que posso transformar isso em algo mais "eu mesmo", isso é algo importante. Por exemplo, quando decidimos tocar no Budoukan... se fôssemos uma banda em que alguém sem ter dado opinião nenhuma dissesse "Quero fazer isso assim!" em vez de discutir essa opinião com os outros, o the GazettE seria péssimo.

- Também acho.

Aoi: Claro que o Ruki é uma pessoa que se resolvesse decidir tudo e liderar sozinho, ele é plenamente capaz de fazer isso. A verdade é que se for assim o trabalho fica mais rápido, e talvez a idealização fique mais concreta. Mas isso não é o the GazettE. Tudo bem se for mais confuso, mas tentar colocar algo de si mesmo no som, enquanto pensa e discute com todo mundo.... acho que isso é o the GazettE. Pra que seja desse jeito, eu vou fazer o que puder. Será que é essa a coisa que eu mais sou capaz de fazer?

- Isso! Tenho a impressão de que nesses 13 anos desde a formação da banda, você tem nesse longo tempo caminhado para a conscientização de que a banda é mais importante que você.

Aoi: Mais importante do que eu... você quis dizer o eu dentro da banda né? Porque se não for isso, soa meio esquisito.

- Você também disse isso antes, que pensa que o the GazettE de agora é uma banda que está recuperando a sua "cara de banda". A impressão que eu tinha do the GazettE recente não era uma de 5 pessoas que se reúnem pra fazer uma jam session. Na verdade o que parecia era que estavam dispersos, cada um num canto.

Aoi: Ah... sim.

- Eu pensei que daquela forma parecia uma banda mecânica. Mas depois do Tokyo Dome, o the GazettE começou a se mover numa direção que eu pensei que havia se esgotado a "cara de banda". E claro que dentro disso o Ruki se destacou como o cabeça da criatividade. Mas eu acho que não importa como seja, ele quer compartilhar as coisas igualmente com todos os 5. Resumindo, o importante é o que os membros além dele pensam a respeito da banda.

Aoi: Sim...

- Dessa forma, agora, essa banda tem um tema, e é um ponto importante pra observar ao ver o live. E com isso, tentei investigar em entrevistas dessa maneira, de um por um, com que tipo de pensamentos será que o the GazettE vem sendo feito?

Aoi: Até a entrevista acontecer.... eu tinha pensado em dizer coisas bem mais legais (risos).

- Eu também não achei que ia conseguir conversar coisas negativas a esse ponto (risos). Mas eu pensei que essa banda tem relações muito boas. O que você acha?

Aoi: Talvez sejamos bons amigos mas... Se eu tiver que expressar esse relacionamento em poucas palavras. Não somos amigos, nem família... o que somos?

- É óbvio que o tempo que você passa com os membros é bem longo.

Aoi: Sim. Um relacionamento difícil de entender de tão óbvio? (risos). O relacionamento com esses caras....

- O que foi?

Aoi: Hm. Agora eu estou pensando um monte de coisas, mas... Eu não sei o que essas pessoas dentro do palanquim pensam a respeito de mim, mas pra mim... se não estou com essas pessoas é como se eu estivesse querendo criar coisas impossíveis. Se não for com essas pessoas, parece que eu não quero tentar nada além de coisas que não consigo fazer. Claro que do ponto de vista deles, talvez eles achem que eu ainda não sou bom o bastante...

- Olha a negatividade de novo (risos).

Aoi: Hahahaha. Mesmo assim eu... É como se eu estivesse tentando fazer coisas que eu não consigo, se não for com eles. Não é que eu queira as coisas de outra pessoa ou dos outros membros. Simplificando essa minha problemática, até em que ponto posso encarar seriamente essa coisa chamada the GazettE. De qualquer forma, não quero ficar escondido na sombra da banda. Por isso as coisas que eu posso fazer, não tem outra saída se não fazer. Isso é o que eu mais tenho que fazer. Mas tipo... não quero fazer nada que possa causar problemas pra eles.

- Por culpa sua?

Aoi: Porque é péssimo se disserem que você estava ruim no palco. Pra que isso não aconteça, eu tenho que pensar mais, e trazer para o palco essas coisas que eu pensei. Acho que isso é algo que eu posso fazer. Pensar nessas coisas agora, tipo... de repente veio uma lágrima.

- Surgiu mesmo uma lágrima, né.

Aoi: Hahahahahaha.

- É só porque seus pensamentos sobre a banda são muito fortes. Talvez essa seja a principal razão de você estar nessa banda.

Aoi: Eu?

- Os membros todos entendem que você é uma pessoa assim. Não é por isso que vocês estão juntos na banda?

Aoi: Talvez...

- Essa entrevista de hoje tem muitas coisas negativas sobre você mas, mas as pessoas sabem que você tem esse lado.

Aoi: É verdade. No momento... me sinto completamente pelado (risos).

A entrevista acaba aí. Obrigada por lerem e muito obrigada Gabriela L. por ter traduzido e por ter me mandado para postar aqui. Nem sei como agradecer! Ela se esforçou muito pra traduzir essa entrevista o mais rápido possível e com dedicação pra compartilhar com vocês, porque é uma entrevista interessante e várias pessoas pediram. Então espero muito que vocês gostem e que agradeçam a ela pelo trabalho!

Sugiro que leiam uma entrevista do Ruki de 2013 para a Ongaku to hito, onde ele fala do Beautiful Deformity. Clique aqui para ler. A pessoa que entrevistou o Aoi é a mesma dessa entrevista antiga do Ruki e o Ruki fala bastante de como ele age dentro da banda.

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8 comentários:

Anônimo disse...

Eu até estava gostando da entrevista, mas depois de algumas coisas fiquei puta da vida. Primeiro porque, tanto os fãs como a banda sabem como é o Aoi. Todo ser humano precisa ser respeitado do jeito que é e mesmo o Aoi sendo dramático e negativo ele ainda assim é amado pelos fãs, ele não é só um guitarrista, ele também é parte da banda, talentoso e cativante do jeito dele. É triste que ele pense assim tão negativamente, mas o que mais me surpreende é que o entrevistador citou 100000000000000 o RUKI que não tem porra nenhuma a ver com isso, a impressão que deu é que ele tava ''provocando'' o Aoi com coisas do tipo ''marionetes do Ruki'' que isso?? vai tomar no cu!!! todo mundo na banda pode falar, dar opiniões, a banda é formada por 5 e não 4 e se o Aoi não se ''expõe'' mais é simplesmente pq ele não quer ponto!!! agora ficar esse entrevistador tentar induzir uma treta entre eles e criar um desconforto pra banda já é demais e Aoi please... para de mimimi !! ¬¬

Rukia disse...

O cara fica falando do Ruki o tempo todo. Puts.
O Aoi é uma pessoa complicada rs Mas eu pude perceber que ele amadureceu muito com as responsabilidades que a banda trouxe, no entanto, ele ainda tem um espirito adolescente e meio rebelde rs
Só não gosto muito da negatividade dele... Esse distanciamento. Não sei se é algo da personalidade ou realmente algum complexo de inferioridade. Ele é um guitarrista incrível! Enfim, é complicado entender.

Amanda disse...

Realmente é difícil entender ele, porque ele é incrivel, mas eu compreendo, não é fácil der esse tipo de pensamento, sou um pouco parecida com ele, e ter pensamentos assim não é controlável, ainda mais pra ele que tem tanta responsabilidade.
Eu realmente espero que ele possa ser forte e consiga superar tudo isso, porque ele realmente melhorou muito nesse tempo.

Amanda disse...

Realmente é difícil entender ele, porque ele é incrivel, mas eu compreendo, não é fácil der esse tipo de pensamento, sou um pouco parecida com ele, e ter pensamentos assim não é controlável, ainda mais pra ele que tem tanta responsabilidade.
Eu realmente espero que ele possa ser forte e consiga superar tudo isso, porque ele realmente melhorou muito nesse tempo.

Anônimo disse...

O que foi isso? Uma entrevista ou terapia? Aonde esse entrevistador queria chegar ashashash

Eric disse...

Não entendo como um cara tão amado pelos fãs, um ótimo músico, simpático e educado seja tão, mas tãaaaaooo pra baixo assim. Essa entrevista me chocou um pouco. Nunca vi alguém tão pra baixo assim, na posição que ele está hoje não.

Unknown disse...

A mídia sempre colocou o Ruki num pedestal desde que a banda começou a fazer sucesso, mas tem que ver que ela não é feito por um, mas por cinco.

Mira disse...

Eu acho que o Aoi sabe que faz falta na banda, tanto que se eles os cinco estão juntos, não é por acaso...
Todos dissera que o the GazettE seria a última banda! E estão juntos há treze anos, passaram por tanto, cresceram, sofreram e continuam juntos sem saber nem conseguirem imaginarem-se de outra forma....

E o Aoi sente isso! Apesar de ser super negativo para com ele próprio, mas acho que tema mais a ver com a personalidade dele...
Algo em que ele pode, aos poucos e poucos, ir trabalhando.

Obrigado Ruby e Gabriela!! :*

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